Edgar Morin e Domenico de Masi, os “pais intelectuais” da Casa Une

Entenda porque o pensador francês e o sociólogo italiano inspiraram o tripé que norteia as ações da Casa Une

A Casa Une atua em três eixos, Conhecimento, Inovação e Negócios, e a arquitetura conceitual dessas frentes tem como “pais intelectuais” o pensador francês Edgar Morin (1921-) e o sociólogo italiano Domenico De Masi (1938-2023).

Ambos têm uma profunda relação com o Brasil. Estiveram no país com regularidade e desenvolveram grandes trabalhos em centros universitários. De Masi, inclusive, teve participação fundamental em um estudo de 2002 realizado junto ao Sebrae, por meio de sua consultoria S3 Studium, que desenvolve projetos ligados à criatividade em culturas organizacionais complexas. O resultado desse trabalho é um documento chamado “Cara Brasileira - A Brasilidade nos Negócios - Um Caminho Para o Made in Brazil”.

Tanto ele quanto Morin possuem uma visão extremamente interessante a respeito do Brasil. Uma visão calcada na realidade e nos problemas do país, entre eles os gargalos institucionais, econômicos e históricos.

Ambos chegaram a discorrer sobre a possibilidade da criação de um modelo civilizacional futuro, em que as relações humanas sejam pautadas por questões ligadas à diversidade e a um certo tipo de integração, tendo o Brasil como exemplo desse novo modelo.

Isso faz muito sentido, já que o país é extremamente complexo. O empresário brasileiro José Mindlin costumava dizer que o Brasil é um país muito fácil de gostar e muito difícil de entender, e essa ideia resulta no que se define por elevada complexidade social, já que o Brasil e os brasileiros formam um intrincado jogo de muitas contradições.

Domenico De Masi e Edgar Morin conseguiram olhar para elas e filtrar e perceber alguns elementos interessantes, afirmativos de uma cultura extremamente potente, inventiva e original.

Quando a Casa Une elege De Masi como um de seus pais intelectuais, significa trazer suas ideias para dentro de uma organização ou negócio, porque elas não estão dissociadas do ambiente de trabalho. Afinal, quando se pensa em novas formas de fazer negócios e sobre uma nova conjuntura de relações, é necessário entender qual seria a maneira mais atual de realizar isso.

Edgar Morin, por sua vez, é um pensador que vê o mundo de hoje marcado pela complexidade pós-industrial, onde há um outro arranjo social, humano, econômico, político, cultural e institucional, que o filósofo nomeia de “mundo complexo”. Nele, as relações de causa e efeito do século XIX deram lugar à complexidade que pede um modo de pensar igualmente complexo para se entender e dimensionar o que está acontecendo.

Isso tem que estar presente na maneira como entendemos a educação e na consequente necessidade de uma reorganização dos currículos escolares, na preparação para o mundo do trabalho e na forma como os saberes de interrelacionam e se comunicam.

A partir da ideias de Morin e De Masi, a Casa Une desenvolveu seu braço artístico e cultural com mostras, exposições e apresentações artísticas para contemplar aquilo que se entende como uma preparação do mundo para a sociedade pós-industrial, ao mesmo tempo em que se busca o entendimento do que é a complexidade da vida.

O papel da Casa Une, portanto, é contribuir com o preparo dos profissionais para que eles tenham a capacidade de enxergar e de fazer essa leitura, e de criar seus repertórios para desenvolver um trabalho mais criativo e alinhado com a atualidade.

Referências • O Ócio Criativo (Sextante), Domenico De Masi • A Sociedade Pós-Industrial (Senac), Domenico de Masi • O Futuro do Trabalho (José Olympio), Domenico de Masi • A Emoção e a Regra (José Olympio), Domenico de Masi • Introdução ao Pensamento Complexo (Sulina), Edgar Morin • Reinventar a Educação (Palas Athena), Edgar Morin • Amor, Poesia, Sabedoria (Bertrand Brasil) • Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro (Cortez)